Sportwsc: Realidade paralela

segunda-feira, outubro 29, 2012

Realidade paralela


Ao ler as recentes entrevistas de Patrícia Amorim, sou forçado a acreditar que a presidente do Flamengo vive uma realidade distorcida. Uma espécie de “Maravilhoso mundo de Paty Amorim”. Digo isso porque, em sã consciência, ninguém com o currículo administrativo como o dela nas costas, daria declarações tão estapafúrdias e desconexas. Ainda mais às vésperas das eleições para a presidência do clube, onde Patrícia luta pelo segundo mandato. Me faltam palavras para definir a decepção com a atual gestão. Sim, decepção. Porque houve um momento, lá atrás, em que eu acreditei que Patrícia Amorim poderia representar um movimento de mudança na promíscua política rubro-negra. Ledo engano.

Perdida ou dissimulada, Patrícia Amorim parece não atentar para a gravidade dos fatos. O Flamengo vive um momento delicadíssimo, dentro e fora de campo. Sem patrocínio, sem títulos, sem credibilidade no mercado, o maior clube do Brasil se apequenou. Sucumbiu às próprias falácias. Admitir os erros não é sinal de fraqueza, mas de hombridade. Ser leniente com os desmandos dentro do clube apenas evidencia ainda mais o péssimo momento do Clube de Regatas do Flamengo. As gestões de outrora falharam? Evidente que sim. Elas têm parcela de culpa no atual momento do clube? Sem dúvida! Mas olhar para trás e apontar os erros de administrações anteriores não atenua os problemas atuais. Essa gestão, essa gentalha que está à frente do Flamengo, caminha - a passos largos - para ser a pior administração da história do rubro-negro da Gávea.

Voltando às entrevistas (publicadas recentemente nos portais UOL e GE.com), fico bestificado com a incapacidade da mandatária em admitir que falhou como presidente do maior clube do Brasil. Talvez se tivesse assumido o fracasso, não sofreria tamanha rejeição como agora. Talvez se fosse menos preocupada com seus pares políticos e mais focada nas fissuras do clube, Patrícia Amorim pudesse sair pela porta da frente, apenas como mais uma presidente que não deu certo. Mas não. O que vejo é uma presidente perdida, sem rumo, e insistente nas questões referentes à melhoria da sede do clube. E o Flamengo é um Piraquê ou Caiçaras, por acaso? Senhora presidente, no Flamengo, o que realmente importa é algo que foi esquecido por sua gestão desde 2010. Sem o futebol, o Mais Querido não é nada. Sem os gols de Zico, que não contou com seu apoio recentemente, o clube seria apenas mais um no meio da multidão. Sem sua torcida fanática e gigantesca, a mística da camisa rubro-negra pouco valeria. A gestão Patrícia Amorim, e me refiro a todos que dela fazem parte, despedaçou o maior patrimônio do clube. Transformou o Fla-futebol em motivo de vergonha, de chacota. Tenho certeza absoluta que por mais apaixonada pela maldita piscina do clube e pelos esportes olímpicos que pouco dão retorno, a presidente também está insatisfeita com os insucessos dentro das quatro linhas. Ainda assim, fico espantado com a calma e tranquilidade da presidente com os constantes problemas no departamento de futebol. Me parece alheia à gravidade da situação. Pelo menos prefiro pensar que trata-se apenas de falta de capacidade, falta de visão.

Ao tentar a reeleição em dezembro, Patrícia Amorim fala em fechar um ciclo. Algo simplesmente inacreditável e despropositado, na minha opinião. É preciso que a presidente e sua gente percebam que o fim da linha chegou. Que o clube precisa parar de sangrar. Que a torcida precisa voltar a ter motivos de alegria, de esperança. Essa gestão precisa abrir caminho para que outras pessoas tentem implantar no clube o que a atual foi incapaz. Penso que mais três anos administrados dessa maneira podem ser um caminho sem volta para o Flamengo. Em tempo: uma nova administração não é garantia de sucesso. Aliás, quem entrar no clube em 2013 terá muito trabalho e muitas contas a pagar pela frente. O sucesso do rubro-negro não acontecerá do dia para a noite. Mas é preciso uma mudança radical na forma de pensar e gerir o clube para que ele alcance seu verdadeiro patamar. Permanecer como está é garantia de fracasso. Mais fracasso.

Outro ponto que me irrita é a incapacidade de perceber o verdadeiro X da questão. Sempre que questionada sobre as falhas no futebol, Patrícia Amorim insiste em focar seu insucesso apenas na ausência de um título de expressão. Antes fosse esse o único problema a ser solucionado. A falta de títulos. Muito pior que passar quase que em branco nesses três anos é constatar que o clube que gera a maior receita do país romperá mais um ano sem patrocínio master. E ouvir da presidente a justificativa de que o mercado mudou. Curioso que o mercado esportivo parece ter mudado apenas para o Flamengo. Coincidência ou má gestão? Fico com a segunda opção. Apenas para exemplificar, o Corinthians chafurdou-se na lama da Série B em 2008 e agora tem um departamento de marketing competente, que faz do clube uma mina de dinheiro. Não faltam patrocinadores pelas bandas do Parque São Jorge. Até o Palmeiras, que vive grave crise esportiva e perto da Segundona, tem seu espaço mais nobre da camisa preenchido.

É preciso dissociar essa imagem de vítima da Patrícia Amorim. Todo mundo tem problemas em seus respectivos trabalhos e sofre pressão diariamente. Essa conversa de “tenho dormido à base de remédios” não funciona comigo. Se fosse um fardo para a presidente, duvido que ela tentasse a reeleição no fim do ano. Patrícia Amorim precisa voltar para casa. Deixar o Flamengo. Ela teve sua chance. Não deu certo. Vida que segue. Que uma outra gestão tenha sucesso. Isso deveria ser o pensamento de qualquer rubro-negro preocupado somente com o bem estar do clube. Mas largar o osso é difícil, eu sei. Pobre Flamengo!

Pablo dos Anjos
Twitter: @PabloWSC


 
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