Como dormir tranquilo depois de uma derrota daquelas no Fla-Flu do último domingo? Simplesmente impossível, não é mesmo? Difícil digerir as chances perdidas, o pênalti desperdiçado, o lance inacreditável de Cleber Santana. Pelo que o Flamengo produziu, sobretudo no segundo tempo, achei o resultado injusto. Time e torcida rubro-negros mereciam melhor sorte no clássico disputado no Engenhão.
O Flamengo lutou muito, jamais se entregou ou aceitou a derrota, mas precisa caprichar mais na hora de decidir os lances. Um time cirúrgico como o Fluminense não perdoa. E faltou justamente essa eficiência ao Flamengo para empatar e até quem sabe virar a partida. Mas é preciso ter competência para haver merecimento.
Durante boa parte da partida, o Fluminense se mostrou mais perigoso, principalmente nos contra-ataques, por intermédio de Thiago Neves e do arisco Wellington Nem. No meu entender, o Tricolor até poderia ter matado a partida, abrindo 2x0 no placar, mas não o fez e depois de alterações atrapalhadas do técnico Abel Braga, acabou chamando o Flamengo para o jogo. A partir daí, o que se viu foi um time todo no ataque, buscando o gol incansavelmente, contra uma equipe fechada, covarde e abusando da cera para matar as jogadas. O Flu jogou a etapa final como time pequeno e, na minha visão, não merecia sair de campo com os três pontos. Mas o esporte é futebol, e merecimento passa longe das quatro linhas. O imponderável costuma ditar o ritmo neste esporte.
Detesto chororô e de forma alguma acredito em complô ou todas essas besteiras que a gente lê por aí, mas o fato é que ontem o árbitro Marcelo de Lima Henrique apitou o “jogo” do Fluminense. Irritante, o juiz amarrou a partida com um número absurdo de faltas, muitas delas inexistentes, e foi extremamente conivente com a cera do rival rubro-negro, que vencia a partida por 1x0, gol de Fred. Obviamente que a vitória do time das Laranjeiras não foi para a conta do árbitro. O apitador apenas deu apoio ao péssimo hábito que o Fluminense tem de pedir faltas em todas as jogadas.
Voltando ao jogo, vi um Flamengo novamente progredindo, mais entrosado, com cara de time. Ainda falta muita coisa para chamar essa equipe rubro-negra de postulante a qualquer coisa, mas ao menos ela recuperou dois pontos fundamentais para evoluir na competição: confiança e apoio do torcedor. Quem foi ao Engenhão no domingo viu o time de Dorival Junior tentar o gol a todo momento. Não faltaram disposição, raça, luta e entrega. Infelizmente, sobrou incompetência na hora de decidir. Falta ao Flamengo justamente o que sobra ao Fluminense: poder de decisão.
Deixei o estádio triste, frustrado e irritado, mas convicto de que o time de fato melhorou. Parece ter encontrado uma formação mais sólida, com dois volantes alinhados e dois atacantes de origem. Independentemente das peças utilizadas, acho que Dorival finalmente encontrou uma equipe que pode render, que faz jogo duro contra qualquer adversário deste Brasileiro 2012. Vale relembrar que o rubro-negro fez bons jogos contra os três primeiros da tabela – Fluminense, Atlético/MG e Grêmio – e só perdeu para o Tricolor carioca por ter desperdiçado chances claras de gol, além de um pênalti nos minutos finais.
Com 34 pontos e ocupando a 11ª colocação na tabela de classificação, não vejo o Flamengo aspirando muita coisa neste Brasileiro. Antes preocupante, já não vejo mais chances de rebaixamento para o rubro-negro, apesar de ainda precisar de pontos para se livrar de vez da degola. Por outro lado, prefiro ser realista e sinceramente não acredito em qualquer possibilidade de G4 este ano. Mas como no futebol tudo pode acontecer, não dá para descartar surpresas nesta fase final da competição. Melhor exemplo que o Fla-Flu de domingo não há. Vence quem tem competência. O Flamengo ficou devendo neste quesito, mas saiu aplaudido do Engenhão. E com justiça. Bola pra frente porque 5ª feira já tem jogo importante novamente. O tempo não para!
Pablo dos Anjos
Twitter: @PabloWSC
