por: Patrick - @patrick_1972
Já eram 17 anos sem um título brasileiro
quando, após arrancada histórica, o Flamengo conquistava seu 6o
caneco. Tudo muito estranho: um dos craques do time voltara ao clube apenas por
motivos financeiros, o outro alternava grande futebol com noitadas regadas a
álcool e confusões, o grupo mimado havia derrubado o treinador, os reforços
preferidos Lima e Corrêa seguiram outros caminhos, chegaram Álvaro e Maldonado
que acertaram a zaga e deu no que deu.
O errado que deu certo talvez tenha
servido como base para a gestão seguinte que, pra mim, foi a pior da história
do clube e que prefiro nem relembrar. Veio a eleição de 2012 e a proposta de um
novo modelo de gestão saiu vencedora. Passados 9 meses, me parece que estamos
diante dos 2 meses mais importantes da nossa história recente. Que os deuses do
futebol ajudem o Flamengo a passar por 2013!
A expressão que pra mim melhor definiria
esta nova gestão é “responsabilidade financeira”. Vendo de fora, a sensação é
que havia um projeto claro de reestruturação empresarial que envolvia as áreas
administrativa, financeira e jurídica. Seguiram a linha “cortar na carne”, decidiram
que qualquer dinheiro que entrasse seria utilizado para pagamento de salários e
impostos e, concordemos ou não, foram fiéis às suas ideias, mesmo sofrendo
críticas de todos os lados. Conseguiram,
por exemplo, as CNDs que são responsáveis pelo patrocínio com a Caixa e que
estão permitindo que, através de projetos incentivados, possamos voltar a
sonhar com os nossos CTs profissional e da base, além da volta de um esporte
olímpico forte conforme a nossa tradição.
Na outra ponta, a geradora de receitas,
minha sensação é oposta: não havia projeto definido. Acreditaram, muitas vezes
com arrogância, que o clamor pela paixão ao clube seria suficiente para gerar
uma receita bem maior do que a que conseguimos até hoje. Daí vem a minha maior
frustração: mesmo nunca gostando da postura de uma ou outra figura, estava
convicto que com a nova gestão de Marketing viriam ideias brilhantes e
inusitadas que nos levariam a um patamar de vanguarda no meio esportivo. Há
demanda reprimida, mas não há projeto. Se não há projeto, não há receita, bate
o desespero, bilheteria se torna fonte única pra diminuir o prejuízo do ano, o
estádio é elitizado, a torcida do Flamengo que sempre se pautou pela
diversidade é afastada do estádio e... e isso não é Flamengo.
O futebol é apenas reflexo do que foi
dito nos 2 parágrafos anteriores e é mais um que sofre com a falta de projeto.
Se o dinheiro que entra está comprometido com o governo e se o “dinheiro novo”
entra em escala muito menor do que se imaginava, não há poder de investimento
no futebol. Por outro lado, se não há um projeto com estratégia definida para o
carro-chefe do clube e se coloca toda a responsabilidade nas mãos de um
executivo que nem orçamento próprio tem pra tocar a área, a chance de dar certo
é realmente muito pequena. Pontualmente erraram numa contratação aqui,
acertaram em outra ali, mas sigo acreditando que o problema é muito mais
estrutural do que de pessoas. Com isso, não surpreende estarmos na situação que
estamos a 60 dias do fim da temporada.
Mas é futebol, certo? Lembram quando no 1o
parágrafo eu dizia do errado que deu certo? Vai que acontece de novo. Vai que
mesmo com um interino que ninguém tem a menor ideia se sabe trabalhar dentro de
campo o Flamengo consegue algumas vitórias e se livra do rebaixamento. Vai que
na força da torcida e do Maracanã nós conseguimos o título da Copa do Brasil e
nos classificamos pra Libertadores. Vai que chega um árabe maluco e paga uma
fortuna no Hernane que seja suficiente pra que comecemos a montar o time de
2014. Vai que...
A certeza que tenho é que se a aposta
arriscada da diretoria nos levar à Série B, este será o pior ano do resto das
nossas vidas. Entretanto, se desta vez o errado do futebol der certo e
alcançarmos nossos objetivos, estaremos muito melhor preparados como clube pro
começo de um arrancada rumo ao topo do futebol sul-americano.
Se tudo der certo, é bom que a diretoria
reavalie tudo que foi feito e altere alguns rumos pra sequência do seu mandato.
Pra isso, entretanto, é bom que desta vez a bola entre por acaso.
Patrick