Acostumado a grandes lutas e ao estrelato no MMA, Vítor Belfort provavelmente deve estar com dificuldades para dormir em paz ultimamente. Afinal de contas, não é todo dia que o sujeito tem de enfrentar um lutador tão completo e perigoso quanto Jon “Bones” Jones. Fora de sua categoria e prestando “um favor” ao UFC, Belfort não me parece ter muito a perder no combate. A não ser por alguns hematomas pelo corpo.
Pego de surpresa após a lesão do então desafiante Dan Henderson e das frustradas tentativas com Lyoto Machita e Chael Sonnen, Vítor Belfort recebeu o convite para subir de categoria e disputar o título dos meio-pesados contra Jon Jones, o atual fenômeno das artes marciais mistas, no UFC 152, dia 22 de setembro no Canadá.
Para muitos experts em MMA, a luta tende a ser um massacre a favor do atual campeão Jon Jones. Longe de mim querer bater de frente com a galera cascuda do mundo da luta, mas acho que Belfort tem uma chance nesse combate, apesar de pequena. Vítor é notoriamente conhecido por ter uma combinação perigosa de explosão e poder de nocaute. Mas com o passar dos anos, sua condição física caiu demais e, atualmente, o ex-fenômeno do MMA tem gás para apenas um round, dois no máximo. E é nessa janela que acredito estar a pequena chance do Belfort na luta. Se conseguir encurtar a distância e conectar bons golpes, Jones pode ficar desconfortável no octógono e abrir uma brecha para um nocaute do brasileiro. Fora isso, o favoritismo é total a favor do americano, que vive excelente fase e tem uma capacidade de improvisação única nesse esporte.
Não que isso seja uma grande vantagem para Belfort, mas o fato de ter subido de categoria faz com que o brasileiro não tenha problemas para perder peso, que sempre é um fator de preocupação para os atletas e que desgasta bastante. Nos médios, o peso máximo é até 84kg, enquanto nos meio-pesados o lutador precisa ter até 93kg. Aliado a isso, Belfort vem treinando há mais de um mês na academia Blackzilians, em Miami, com Rashad Evans, ex campeão da categoria e que recentemente foi derrotado por Jones, em abril deste ano.
Dez anos mais velho que Jon Jones, Vítor Belfort sabe que essa é uma daquelas oportunidades raras no esporte, que pode recolocá-lo na crista da onda, no centro dos holofotes. Depois da dura derrota para Anderson Silva, no 1º round do UFC 126 em fevereiro de 2011, Belfort se restabeleceu no evento, mas precisa de uma vitória impactante para voltar a ser considerado o Fenômeno. Nada melhor que vencer o garoto prodígio do evento, e ainda por cima fora de sua categoria.
Por tudo isso, acho que Vítor fez a opção certa ao aceitar o desafio. Se perder, além de ser um resultado mais do que esperado, o lutador volta a sua categoria – peso médio – e provavelmente não demorará a ter outra oportunidade de lutar pelo cinturão contra Anderson Silva. Agora, se vencer, terá sido o cara a bater Jon “Bones” Jones, simplesmente o bicho papão dos meio-pesados do UFC, que já aniquilou brasileiros como Maurício Shogun e Lyoto Machita. Como fã de MMA, torço por uma luta emocionante e, de preferência, que não termine nos primeiros cinco minutos.
Pablo dos Anjos
Twitter: @PabloWSC
