Quem acompanha com regularidade os jogos do Flamengo pode, tranquilamente, enxergar uma espécie de metamorfose da equipe em campo. A diferença do Flamengo de Dorival Junior para o antigo, de Joel Santana, é abissal. A única semelhança é o elenco, que permanece o mesmo, com carências. Em pouco tempo, o Flamengo voltou a ter cara de time, ainda que precise de ajustes para voltar a ser, de fato, competitivo.
Para alguns rubro-negros menos assíduos, pode parecer estranho e até misteriosa essa mudança tão radical de atitude, de postura em campo. Diferença fácil de ser explicada, na minha opinião. Com Dorival, um técnico atuante e trabalhador, o Flamengo treina, se dedica. Bem diferente dos tempos de Joel Santana, que obsoleto, sonolento e com claras limitações físicas, apenas fazia figuração à beira do gramado.
O elenco do Flamengo não é dos mais qualificados, tem sérias deficiências, mas também não me parece tão abaixo da média da maioria. Faltava um comandante para utilizar melhor as peças à disposição. Faltava alguém para pôr ordem na casa, apontar os erros, enaltecer as virtudes, enfim, o Flamengo carecia de um técnico de verdade. E Dorival me parece ter sido uma escolha acertada.
Desde que chegou ao rubro-negro, no fim de julho, Dorival Junior praticamente reconstruiu a forma de trabalho do elenco do Flamengo. Dedicado e determinado, o ex treinador do Internacional arregaçou as mangas e foi para o campo, imbuído de recolocar o Mais Querido no caminho das vitórias. O que vimos desde então foi uma busca incansável pelo melhor time titular possível. Salvo engano, todos, eu disse todos os jogadores tiveram chances de mostrar serviço. Claro que ainda é cedo para decifrar esse novo Flamengo de Dorival, mas aparentemente o técnico não chegou preocupado com nomes, medalhões. Ao que parece, no time de Dorival joga quem estiver melhor, quem merecer a vaga. É fato, porém, que o tempo e o desgaste podem deliberar contra essa postura agressiva e firme do treinador. Mas neste primeiro momento, não vejo como não tirar o chapéu para Dorival Junior. Erros e acertos fazem parte do contexto.
Dorival não é milagreiro, tampouco acima de críticas, mas vem fazendo – em pouco tempo – o que muito rubro-negro reclamava que não acontecia. Além de optar por boas peças à disposição no elenco, o técnico dá claros sinais de que os meninos da Gávea terão vida longa sob seu comando. No atual time titular, por exemplo, mais da metade da equipe é formada por jogadores formados nas categorias de base do Flamengo. Isso sem contar com outros atletas jovens que vêm sendo aproveitados no banco de reservas. É um novo Flamengo que pode até não ser o dos sonhos dos torcedores, mas pelo menos se aproxima do que de melhor temos para usufruir na atualidade.
O grupo é esse aí, não há muito o que ambicionar para 2012, infelizmente. Mas o trabalho que vem sendo feito pode, sim, ter bons resultados a partir do ano que vem. Se não podemos nos iludir com título ou vaga na Libertadores, ao menos agora temos um time de verdade, jogadores que honram a camisa rubro-negra e que, mesmo de forma lenta e gradativa, voltam a fazer o torcedor ter prazer em assistir ao jogos de seu clube de coração. Belo começo de trabalho de Dorival Junior à frente do Flamengo. Uma ponta de esperança surgiu no horizonte rubro-negro.
Pablo dos Anjos
Twitter: @PabloWSC
