Sportwsc: Que saudade do velho Maraca!

sexta-feira, abril 26, 2013

Que saudade do velho Maraca!


Cresci lá dentro. Compartilhei todo o tipo de sentimento. Alegria, tristeza, ansiedade, angústia, emoção. Ri e chorei, xinguei e cantei, gritei até perder a voz. Não lembro exatamente a primeira vez que entrei naquele gigante de cimento, mas sei que me senti em casa.    

Casa, o Maracanã sempre foi minha segunda casa. Ali vivi alguns dos momentos mais marcantes da minha vida. Fui ¨geraldino¨, fui ¨arquibaldo¨, camarote, cadeiras, tribuna de imprensa... Conheci cada pedaço daquele santuário. Até joguei duas vezes lá. Sonho realizado em dobro.   

O Maraca não era um estádio de futebol. O Maraca era um símbolo da cultura carioca, era um ponto de encontro das tardes de domingo, era uma extensão de nossos lares. “Domiiiingo, eu vou ao Maracanããã, vou torcer pro time que sou fããã...” Quem não se lembra daquela música?!

Naquele colosso de cimento, desfilaram sua arte alguns dos maiores craques do futebol brasileiro. Tão democrático era o Maraca que alguns dos maiores ¨pernas de pau¨ do Brasil também viveram seus 5 minutos de fama naquele gramado.

Ali Pelé marcou seu 1000º gol, onde mais? Ali o Papa rezou missa, Frank Sinatra mostrou sua voz, um Beatle cantou, até Papai Noel vinha todos os anos. O Maraca era nosso e nos enchia de orgulho. Que prazer era subir aquelas rampas e dar de cara com aquela imensidão verde e cinza, misturando grama e cimento. E a emoção de ouvir a galera entoando seus cânticos de incentivo...

Que saudade do velho Maraca! Ele resistiu a tudo, menos à força do dinheiro e de interesses de pessoas sem sensibilidade. Em 2010 o Maraca fechou. Foi derrubado e deu lugar a um imenso vazio. Ficamos órfãos. No mesmo local, foi erguido um outro estádio, verdadeiramente um outro estádio. Moderno, certamente muito bonito, mas sem alma, sem memória, sem história.

Que as lembranças do velho Maraca sejam uma boa influência para este novo estádio. Que novas emoções ali aconteçam e que daqui a algum tempo, o novo Maracanã possa ter suas próprias histórias e uma alma tão rica quanto a de seu antecessor.     

Marco Aurelio Moura     


 
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