Sportwsc: Novo Maracanã não me representa

quinta-feira, julho 11, 2013

Novo Maracanã não me representa



Sou do tempo em que assistir a jogos no Maracanã era motivo de alegria, expectativa e satisfação. Época boa em que Maraca e Flamengo eram como marido e mulher. A sinergia da dupla sempre foi marca registrada da Cidade Maravilhosa. Sem falsa modéstia, você só consegue entender a mística do estádio quando vê o Mais Querido jogar naquele gramado apoiado pela massa rubro-negra. Algo inexplicável!


Saudosismo à parte, o que estão fazendo com o torcedor carioca é uma vergonha! Não bastasse o assalto aos cofres públicos para a construção do New Maracanan, que passou de 1 bilhão de reais e ainda não está concluído, querem moldar o torcedor, ensinar nossa gente a torcer nas novas arenas. Um descalabro! Uma puta falta de desconsideração, diria o outro. Dona FIFA, consórcio e governo do Rio ocuparam os estádios da cidade, praticamente instauraram uma ditadura esportiva, acuando os torcedores e os forçando a usar tapa-burro de cavalos, como se fossem alienados e massa de manobra. Querem transformar o futebol carioca e brasileiro numa excitante e imperdível partida de bocha. Mas eles não irão triunfar. Nós não podemos permitir que os desmandos se perpetuem e que acabem com nossa maior fonte de alegria e entretenimento.

Tenho 34 anos e frequento o Maracanã desde o início dos anos 80, apesar de ter apenas uma memória mais marcante a partir de 1987, ano em que o meu Flamengo conquistou o Campeonato Brasileiro na final contra o Internacional. Sou da época da almofadinha branca com escudo do Flamengo – presente do meu querido avô. Sou do tempo da torcida empoleirada nas arquibancadas de cimento, com 3 filas de pessoas em cada arquiba. Sou da época em que assistir aos jogos em pé não era uma opção, mas uma obrigação e um prazer. E também sou daquele tempo em que tirar a camisa quando o calor era sufocante fazia parte do contexto. Afinal de contas, somos cariocas, ora bolas!

O nome do que estão tentando fazer com o futebol do Rio é assassinato. Estão matando – ainda que lentamente – o futebol carioca. O torcedor está sendo praticamente intimado a torcer de casa, na monotonia do sofá. Como gosto de torcer em pé, de tirar a camisa e de cantar junto com as organizadas e seus instrumentos musicais e bandeiras, chego à conclusão de que não pertenço mais ao burguês círculo de frequentadores do novo estádio, por acaso, ainda chamado de Maracanã.

De preços abusivos à falta de liberdade para torcer, o que se vê é uma clara tentativa de cercear o direito do torcedor de apoiar seu clube de coração. Como apaixonado por estádios, pelo Maracanã e pelo Flamengo, fico triste e apreensivo pelo futuro que nos reserva. Tenho medo de conseguirem destruir nossa cultura, nossa forma de pensar, de sentir, de apoiar nossos times. O futebol que eu aprendi a amar não é esse. E o torcedor é quem vai acabar pagando o pato. Algo precisa ser feito! Futebol não é teatro!

Pablo dos Anjos

Twitter: @PabloWSC


 
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